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BDR (Brazilian Depositary Receipt): o que é e como investir




O mercado financeiro brasileiro oferece diversas opções atrativas de investimento. No entanto, com o objetivo de realizar uma diversificação nos investimentos, que reduz riscos e aumenta o potencial de retorno de uma carteira, muitos investidores têm buscado formas de investir no exterior.

Uma das formas mais simples e seguras é por meio dos BDRs. Por isso resolvemos escrever este artigo. Com ele você terá acesso a um guia completo sobre BDR, entendendo seu conceito, tipos e, finalmente, como investir. Acompanhe!

O que é BDR?

Antes de detalhar as características técnicas, é necessário definir o que é BDR. Basicamente, essa sigla é utilizada para designar o termo Brazilian Depositary Receipt, que pode ser traduzido para o português como Recibo de Depósito Brasileiro, e em correta definição, Certificado de Depósito de Valores Mobiliários.

Trata-se de um título negociado no mercado de renda variável brasileiro, mas que representa e é lastreado por ativos emitidos em outros países, tanto por empresas estrangeiras, quanto por companhias brasileiras de capital aberto (a partir de setembro de 2020).

Os certificados são emitidos por uma instituição depositária que, inicialmente, adquire, no exterior, ativos – que geralmente são ações – de determinada companhia e, em seguida, cria um programa de BDR devidamente registrado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Portanto, por meio dos BDRs, você tem a oportunidade de investir em títulos que representam grandes empresas como Apple, Netflix, Amazon, entre outras. Porém, é importante que fique claro que, ao comprar BDRs você não estará se tornando acionista da empresa, já que as ações estão depositadas e bloqueadas na conta de um custodiante no exterior, sendo que essa conta de custódia pertence à instituição depositária.

Você verá, ao longo desse artigo, quais as vantagens de se investir em BDRs. No entanto, para que a compreensão fique mais clara, imagine que, quando você adquire um fundo de investimento em ações, por exemplo, o gestor irá adquirir, com os recursos injetados no fundo, ações de uma determinada empresa.

Essas ações não estarão em sua custódia como investidor e cotista daquele fundo, mas o desempenho das ações refletirá diretamente na carteira do fundo que, por sua vez, refletirá no preço das cotas e logo, em seu próprio patrimônio como investidor desse fundo.

Porém, diferentemente do que acontece em um fundo de investimento, quando ocorre o pagamento de dividendos pela empresa que é representada por determinado BDR, o valor é distribuído, após as devidas tributações do país de origem, e pago na conta corrente do investidor.

Nesse sentido, o BDR é uma grande oportunidade para aqueles que desejam aplicar o seu dinheiro em grandes empresas de renome internacional.

Assim, já é possível perceber uma grande vantagem desse tipo de operação: evitar os grandes custos que existem no envio de capital para o exterior. Em outro tópico deste artigo, discorreremos melhor sobre esses benefícios.

Como funcionam as BDRs?

Entendido o conceito, vamos começar e compreender o seu funcionamento. Inicialmente, é necessário que existam, pelo menos, duas instituições envolvidas na operação para que os BDRs possam ser emitidos.

Essas organizações são o custodiante e a depositária, tendo sido essa última destacada brevemente no tópico anterior. A primeira deve estar situada no país de origem da companhia e será ela a responsável pela custódia dos valores mobiliários.

A segunda, a depositária, deve estar situada em território nacional. Ela emitirá os Brazilian Depositary Receipts e garantirá que todos os certificados estejam devidamente lastreados com valores mobiliários reais e originais, emitindo, portanto, BDRs na mesma quantidade dos ativos depositados no custodiante.

O procedimento de emissão do BDR pode variar de acordo com a existência ou não de patrocínio, por parte da empresa emissora do ativo-objeto de negociação do certificado. O tipo desse certificado – Nível I, II ou III – que detalharemos ainda neste artigo, dependerá das características de distribuição, negociação e divulgação de informações.

Quando um BDR é considerado como Não Patrocinado, significa que a emissão dele não ocorreu com uma derivação de acordo entre a empresa e a instituição depositária. Nesse caso, a iniciativa partiu exclusivamente de uma ou mais instituições depositárias, sendo a depositária, inclusive, responsável por divulgar ao mercado, informações da emissora dos valores mobiliários, tais como fatos relevantes e balanços.

Quando o BDR é Patrocinado, significa que a companhia emissora tem interesse em ter participação no mercado brasileiro, assim, a iniciativa em criar o programa parte dela e não da instituição depositária, que, nesse caso, é apenas uma e é contratada pela própria companhia emissora dos ativos.

Os BDRs Patrocinados podem ser diferenciados em 3 níveis diferentes, classificados em Nível I, II ou III,

Por fim, vale ressaltar que, independentemente do tipo de patrocínio, os BDRs são negociados, liquidados e realizam pagamento de rendimentos em moeda nacional. No entanto, as cotações dele são referenciadas na moeda do país de origem dos papeis que servem de lastro para esse certificado.

Portanto, ao investir em BDRs você estará exposto à variação cambial, ou seja, à variação da moeda estrangeira em relação ao real.

Quais são os tipos de BDR?

Os BDRs são classificados em até três níveis diferentes, conforme mencionado no tópico anterior. A negociação desses títulos ocorre de forma similar à de outros valores mobiliários negociados no mercado de renda variável da B3, como as ações de empresas brasileiras, Fundos Imobiliários, entre outros.

Nesse contexto, os BDRs são facilmente negociáveis, pois podem ser transacionados na Bolsa de Valores ou no mercado de balcão – sendo esse último o ambiente administrado por instituições autorreguladoras, onde as negociações são realizadas fora do sistema da Bolsa de Valores. Tais instituições são autorizadas a funcionar e supervisionadas pela CVM.

Assim, negociar esses ativos atrelados a valores mobiliários de emissores estrangeiros não se torna uma tarefa de difícil acesso, já que você não precisará se preocupar em abrir uma conta em uma corretora estrangeira e nem mesmo enviar recursos para o exterior.

Entendidos esses pontos, aprofundaremos a explicação sobre as categorias e níveis existentes de BDRs. Continue lendo!

BDR Patrocinado

Esse BDR tem como característica principal o fato de que a companhia emissora dos valores mobiliários – que os negocia fora do Brasil – tem participação ativa no processo de emissão do programa de BDR, já que a intenção dela é passar a marcar presença entre os investidores brasileiros, como já havíamos mencionado.

Nesse caso, ela necessita de uma instituição para figurar como depositária e, por isso, contrata tal instituição situada no Brasil, que irá adquirir seus ativos e emitir os BDRs que serão negociados pelos investidores brasileiros.

Nesse sentido, essas instituições depositárias poderão emitir ou cancelar os BDRs Patrocinados de acordo com a demanda dos investidores que estão no mercado primário aqui no Brasil. Caso sejam emitidos, a B3 passa a listá-los para que sejam negociados no mercado secundário.

Dentro do tipo BDR Patrocinado existem ainda alguns níveis, ou seja, subdivisões que você também precisa conhecer antes de investir nessa modalidade.

NÍVEL I
Os BDRs Nível I não precisam do registro de companhia, disposto na Instrução CVM nº 480. No caso dessa emissão, fica sob obrigação da instituição depositária divulgar fatos relevantes, deliberações aos acionistas, entre outras informações, divulgadas pela empresa emissora, a caráter de obrigatoriedade, no país de origem – sem a obrigatoriedade de converter as demonstrações financeiras para reais.

Quanto à negociação, só pode ser realizada em mercado de balcão não organizado ou em segmentos específicos para BDRs do tipo, tanto em mercado de balcão organizado, quanto de Bolsa de Valores.

Até setembro de 2020, apenas pessoas físicas ou jurídicas, consideradas por regulamentação como investidores qualificados, podem negociar tais BDRs. No entanto, com as novas regras divulgadas pela CVM, investidores varejo também poderão passar a negociá-los.

Basta apenas que alguns requisitos sejam atendidos pelo emissor dos valores mobiliários objeto de negociação dos BDRs. Portanto, se os ativos negociados no exterior tiverem o ambiente de mercado estrangeiro classificado como “mercado reconhecido”, onde nos 12 meses anteriores tenham apresentado maior volume de negociação, seus certificados – os BDRs – poderão ser negociados por investidores varejo.

BDR PATROCINADO – NÍVEIS II E III
Como exclusividade dos BDRs Patrocinados, há os níveis II e III. Nesse caso, eles têm a característica de exigirem o registro da emissora dos valores mobiliários – que servirão como lastro da BDR – na CMV, assim, ambos devem obter o registro na categoria “A”, de acordo com as regras da Instrução CVM nº 480

Além disso podem ser negociados no mercado organizado de balcão e na Bolsa de Valores, sem a necessidade de que seja criado um segmento específico para eles, como ocorre com os certificados de nível I.

A principal diferença do nível II para o III é o fato de esse último é registrado na hipótese de oferta pública simultânea no Brasil e no exterior.

Apesar de haver menos BDRs dos níveis II e III listados na B3, se compararmos à quantidade dos de nível I – principalmente os Não Patrocinados – esses são os mais atrativos por poderem ser negociados por quaisquer investidores.

BDR NÃO PATROCINADO
Agora, discorreremos sobre o BDR Não Patrocinado. Nesse caso, ele é instituído por uma instituição depositária que deve ser a responsável pela emissão do certificado sem que exista, diretamente, um acordo com a companhia emissora dos papéis.

No Brasil, a mesma instituição depositária que emite o BDR Não Patrocinado deve se responsabilizar por divulgar no mercado brasileiro as informações financeiras e corporativas da companhia estrangeira emissora dos valores mobiliários.

Essas empresas divulgam as suas informações gerais de acordo com as regras em que estão submetidas em seu país de origem e, por outro lado, a depositária apenas acompanha e divulga essas informações ao mercado brasileiro.

Como característica principal dos BDRs Não Patrocinados, está o fato de que são todos de Nível I. Além disso, a maioria dos BDRs listados na B3 são do tipo Não Patrocinado.

Como funciona a alteração da norma por parte da CVM?

Você já sabe que, até 1º de setembro de 2020, somente investidores com no mínimo R$ 1 milhão em aplicações financeiras, os considerados investidores qualificados, podem negociar a maioria dos BDRs. Logo, essa exigência tornava a maior parte dos BDRs listados na B3 inacessíveis para a maioria dos investidores.

No entanto, como já mencionado neste artigo, a partir dessa data, será possível estender os investimentos em BDR nível I para o varejo, ou seja, para investidores comuns, a depender apenas do tipo do mercado em que os lastros do BDR Nível I estiverem listados.

O resultado dessas novas regras sobre os BDRs interferirá diretamente em uma característica muito importante para os investidores, independentemente do título que está sendo negociado: a liquidez.

Quando há muitos investidores comprando e vendendo um mesmo ativo, significa que existe muita liquidez nessas operações. Com isso, a liquidez — que, antes da mudança, era bastante limitada — terá um grande reforço com a entrada de novos investidores, melhorando muito a experiência de negociação desses ativos.

A popularização dos investimentos e a entrada de novos investidores é extremamente benéfica para o mercado financeiro. Por exemplo, na época do pregão viva voz, em que a Bolsa de Valores era restrita apenas a pessoas com muito conhecimento de mercado, o número de pessoas físicas investindo era muito pequeno.
Com o aumento da acessibilidade de todos à Bolsa de Valores, e após a informatização dos processos de compra e venda, o número de investidores teve um expressivo aumento, especialmente nos últimos anos, em que testemunhamos uma sequência de reduções nas taxas que determinam o rendimento dos ativos de renda fixa.

Vale a pena investir em BDR?

Afinal, vale a pena investir em BDR? Essa é uma pergunta que você pode ter feito no momento em que clicou para ler este artigo. Para entender esse aspecto, é necessário levar em consideração alguns detalhes importantes.

Primeiro, é crucial ressaltar que o mercado brasileiro vem se solidificando muito com o passar do tempo, com a entrada de milhares de pessoas físicas na Bolsa de Valores.

Além disso, existem inúmeras modalidades e formas de investir no mercado financeiro brasileiro, como o mercado futuro, que dá acesso à negociação de índices, moedas, commodities. No mercado financeiro brasileiro também é possível negociar papeis de companhias nacionais, e utilizar diversas estratégias, como o aluguel de ações.

Um ensaio desse crescimento pôde ser percebido ao longo do ano de 2019, quando diversas empresas alcançaram patamares históricos em seus preços e o Ibovespa (índice que mede o desempenho médio das cotações das ações mais representativas negociadas na B3) rompeu todas as suas máximas históricas.

O ponto que estamos querendo chegar é que o mercado financeiro brasileiro é excepcional para o investidor, entretanto, para quem tem um patrimônio bastante sólido, busca diversificar ainda mais sua carteira, se expor à variação cambial e ter acesso à títulos lastreados em ativos de empresas reconhecidas no mercado internacional, vale a pena avaliar investir em BDRs.

No entanto, essa avaliação deve ser feita individualmente. O mais importante é que você conheça bem o mercado, a companhia emissora dos ativos, os riscos e vantagens envolvidos ao negociar tais certificados. Com isso em mente, mostraremos quais são as vantagens de investir nessa modalidade. Continue lendo!

Quais são as vantagens de investir em BDR?

O principal benefício que poderíamos mencionar é o da diversificação de carteira. Ao optar por ativos diferentes para investir, você pode maximizar o potencial de retorno de suas aplicações e, principalmente, reduzir os riscos.

Outro ponto que merece destaque é o fato de que, dependendo da companhia que emite os ativos que dão lastro para o BDR, há uma exposição de retorno a nível global, já que muitas delas atuam no mercado externo e não só no de seu país de origem.

Além disso, investir em BDRs facilita suas aplicações no mercado internacional, visto que todo o investimento é feito no Brasil e não há necessidade de abrir uma conta no exterior e nem transferir recursos para outro país.

Quais são as diferenças entre investir em Bolsas de Valores estrangeiras e em BDR?

Um detalhe importante a ser destacado é que o investidor que adquire BDR não é, de fato, o dono da ação emitida pela empresa. Quando você compra um ativo listado no mercado de ações brasileiro, você se torna acionista da empresa emissora.

No caso do BDR, a aquisição refere-se a um certificado emitido por uma instituição depositária que adquiriu os ativos que servem de lastro para esse certificado. Os ativos adquiridos pela depositária ficam bloqueados em uma instituição custodiante no exterior.

No entanto, mesmo que em reais, os preços dos BDRs refletem as oscilações de preços dos ativos estrangeiros que os lastreiam, o que significa dizer que são influenciados pelo desempenho das empresas emissoras dos ativos.

Como investir em BDR?

O primeiro passo para investir em BDR é conhecer o seu perfil de investidor. Essa definição é crucial, em especial por se tratar de um investimento em renda variável.

Como os BDRs são negociados na B3, será necessário um intermediário para realizar as negociações, ou seja, uma corretora ou banco de investimentos, assim como ocorre quando você negocia outros ativos, como o dólar futuro.

CÓDIGO DE NEGOCIAÇÃO

Assim como outros ativos negociados na B3, o BDR também tem o seu próprio código de negociação. Ele é formado por 4 letras, que tem como função identificar a empresa e dois números que identificam o fato de ser Patrocinado ou não e o nível ao qual pertence.

BDR Patrocinado de nível II, por exemplo, encerram o código com o número 32; e os de nível III finalizam com 33.

Os BDRs Não Patrocinados, portanto, podem terminar com o número 34 ou 35. Os de nível I, entretanto, não têm uma numeração fixa definida. Além disso, no início do código, deve ser inserida a sigla de identificação da companhia.

Por exemplo, BDR da Amazon S.A. é negociado com o código AMZO34. O da empresa chinesa Alibba é encontrado com o código BABA34.

QUAIS SÃO OS CUSTOS E TRIBUTAÇÃO?

Agora, discorreremos um pouco mais sobre os custos de investir em BDR. Inicialmente, é importante entender a tributação desse ativo.

Em relação à tributação, incidem o Imposto de Renda com alíquota de 15% sobre ganhos obtidos com as operações, sob o regime de tributação exclusiva e que deve ser apurado em cada operação e recolhido até o último dia útil do mês subsequente.

Se houver distribuição de proventos, eles são repassados aos investidores, com as devidas tributações específicas de cada país e no Brasil, esses rendimentos devem ter recolhimento de imposto o até o último dia útil do mês subsequente ao recebimento, por meio do carnê-leão. Além disso, há os custos com emolumentos da B3 e corretagem da instituição intermediadora.

COMO O DÓLAR INFLUENCIA NESSE ASPECTO?

Apesar de o investimento ser feito em moeda nacional, muitas das empresas estrangeiras, principalmente as que estão situadas em território norte-americano, podem sofrer impactos com a oscilação do dólar americano.

Consequentemente, a rentabilidade do seu BDR também pode ser impactada por essas mudanças. Quando há uma valorização da moeda, o seu rendimento pode ser maior — e o contrário também é uma verdade.

Exatamente por esse motivo é que a cotação do dólar deve ser algo acompanhado de perto pelo investidor que tem BDRs em sua carteira de investimentos, evitando ser pego de surpresa com alguma oscilação brusca que pode colocar em risco suas aplicações.

Como você pôde perceber, investir em BDR é algo bastante interessante para diversificar a sua carteira ou proteger o seu patrimônio das grandes oscilações no preço de ativos nacionais. Portanto, não perca mais tempo e comece a considerar a possibilidade de inserir esse tipo de título em sua carteira.

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