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Copom reduz a taxa de juros para 12,75% e afasta possibilidade de aceleração no ritmo de cortes

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Em sua 257ª reunião, o Copom reduziu a taxa de juros em 50 bps para 12,75%, conforme nossa expectativa e do mercado. Cabe destacar que a decisão foi unânime. O Banco Central ressaltou a piora no cenário externo, a resiliência da atividade econômica doméstica e reaceleração da inflação no país, reforçando que as medidas de inflação subjacente desaceleraram novamente, mas ainda permanecem acima do na meta estabelecida. Nossa leitura do comunicado foi levemente mais hawkish em relação ao antecipado.

Em relação ao ambiente externo, o comitê ressalta um aumento das incertezas em relação a última reunião, reconhecendo mais uma vez a continuidade do processo de desinflação que continua marcado por núcleos de inflação ainda em patamares elevados e mercado de trabalho resiliente em diversos países. Mais uma vez, o comunicado destaca a determinação dos países desenvolvidos na busca pela convergência da inflação para suas respectivas metas. Além disso, o Copom ressaltou o aumento nas taxas de juros de longo prazo nos Estados Unidos e a menor perspectiva de crescimento na China, reforçando que ambas as situações exigem mais atenção dos países emergentes.

No que tange o cenário doméstico, o comunicado reconhece a resiliência da atividade econômica acima do esperado pelo Comitê, mas reforça que segue enxergando um cenário de desaceleração da economia nos próximos trimestres. O comunicado ressalta que a alta da inflação acumulada em doze meses ocorreu conforme antecipada. Adicionalmente, reconheceu mais uma vez a queda nas medidas subjacentes de inflação, no entanto, ressaltou que ainda permanecem acima da meta estabelecida.

Em relação às projeções de inflação do Banco Central, observa-se aumento nas estimativas de inflação para todo o horizonte, com destaque para o avanço na expectativa para 2023 tanto da inflação cheia quanto de preços administrados. A autoridade monetária estima inflação em 5,0% (ante 4,9%) em 2023, 3,5% (ante 3,4%) em 2024 e 3,1% (ante 3,0%) em 2025. No que tange os preços administrados, o comitê elevou a expectativa para 2023 (10,5% ante 9,4% anterior) e reduziu a projeção para 2024 (4,5% vs. 4,6% anterior). Para 2025, o Copom projeta avanço de 3,6% (vs. 3,5%) nos preços administrados.

Não houve grandes alterações no balanço de riscos. O comitê manteve os riscos de alta inalterados em comparação ao comunicado da última reunião, destacando uma possível persistência inflacionária ao redor do mundo e mantendo o trecho que aponta uma resiliência na inflação de serviços maior do que o antecipado. Dentre os riscos de baixa, o comunicado ressaltou novamente uma potencial desaceleração da atividade econômica global mais forte do que o projetado, mas retirou o trecho em que condicionava tal possibilidade em razão de condições adversas no sistema financeiro global. Adicionalmente, o comitê manteve o trecho em que comenta sobre uma possível desinflação global mais forte do que o projetado em função dos impactos do aperto monetário realizado por diversos países ao mesmo tempo.

O comunicado trouxe um novo trecho em que ressalta a importância da execução das metas fiscais estabelecidas no âmbito do novo arcabouço fiscal para a ancoragem das expectativas de inflação, e que a persistência para atingir tais objetivos é relevante para a condução da política monetária.

Diante do cenário exposto e o balanço de riscos, o comitê decidiu reduzir a taxa de juros em 50 bps para 12,75%, novamente acreditando que tal decisão é compatível com a convergência da inflação para ao redor da meta no horizonte relevante incluindo tanto 2024 quanto 2025, em menor grau.

O comunicado manteve o trecho em que ressalta que atual conjuntura é marcada por um processo desinflacionário mais lento aliado a expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial, o que demanda “serenidade e moderação na condução da política monetária”. Novamente, o comitê reforçou a sua perseverança com uma política monetária suficientemente contracionista para não só a consolidação do processo de desinflação, mas também a ancoragem das expectativas para próximo de suas metas.

Em relação aos próximos passos, o Copom manteve trecho em que afirma que os membros, de maneira unânime, anteveem cortes de mesma magnitude nas próximas reuniões, caso o cenário esperado se confirme. Além disso, afirma que o movimento total do ciclo de redução da taxa de juros vai depender da evolução dos indicadores econômicos, em especial da inflação e expectativas de inflação, hiato do produto e balanço de riscos.

A decisão e o comunicado da reunião de setembro do Copom vieram majoritariamente em linha com a expectativa do mercado, trazendo elementos que justificam a manutenção do ritmo de redução da taxa de juros e afastam, no curto prazo, a possibilidade de aceleração de tal ritmo. Por um lado, o Banco Central reconheceu a queda na inflação subjacente, medida que vinha gerando mais preocupação para a autoridade monetária. Por outro, o Banco Central ressaltou a deterioração no mercado externo, especialmente a abertura na curva de juros dos Estados Unidos, além da resiliência da atividade econômica doméstica evidenciada pela última divulgação do PIB acima do esperado. A avaliação conjunta de tais fatores justifica a manutenção dos cortes de 50 bps para as próximas reuniões, conforme indicado pelo comunicado, não sendo suficientes para aceleração no ritmo de redução da taxa de juros. Projetamos Selic em 11,75% no final de 2023.

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